terça-feira, 23 de outubro de 2018

SONETO PARA MARIA



SONETO PARA MARIA

Maria, minha menininha Maria toda repleta de alegria,
perfaz teus passos nas sendas do imaginário,
Na tua infância derrama um elixir para nunca endurecer,
pois, teu sorriso lúdico tem o poder de encantar e colorir as ruas. 

No proceder suas escolhas não são moldadas pela incompreensão,
seus sonhos mais íntimos já podem abraçar a realidade,
seus acordes formam um ritual pueril da longevidade,
e sua doce melodia contorna a vida numa terna diversão. 

Para minha filha em sua festa natalícia deposito no altar de sua vida
cada momento melódico e feliz da minha e da tua imaginação,
fugindo da insípida rotina estressante da erupção. 

E a menininha Maria em seu arco-íris, caminha inebriante
com os pés firmes, descobrindo os passos da amorosidade, 
distribuindo vicejante seu sorriso fácil de felicidade. 


(Marcelo Eufrásio)

sábado, 15 de setembro de 2018

A tragédia grega se atualiza ...




"As fúrias atormentam Orestes" (1862) do francês William-Adolphe Bouguereau.


Em Ésquilo, Orestes assassina sua mãe Clitemnestra, depois que ela e seu amante Egisto, mataram seu pai, o rei Agamemnon. Vingando a morte do pai, Orestes desencadeia a fúria das Eríneas (Alepho, Tisífone e Megera, deusas da fúria, raiva e vingança, respectivamente). Buscando o direito à defesa, recorre ele a deusa da justiça, Atena. A tragédia mitológica grega se reconfigura nas páginas do livro dos nossos dias.

Não será o homem "pós-moderno" conduzido pelas Eríneas em detrimento de seus princípios?

domingo, 17 de junho de 2018

TEOLOGIA DA SEMENTE LANÇADA NA TERRA

O evangelista São Marcos nos convida a refletir sobre o Reino de Deus, particularmente a partir da passagem do “Evangelho das parábolas” (Mc 4, 26-34). Neste trecho é intrigante encontrar Jesus ensinando aos compatriotas da Galiléia sobre o Reino de Deus a partir do cotidiano da vida campesina, utilizando-se dos códigos de linguagem da gente da roça, do oficio do agricultor, a partir da simplicidade que confundia os doutores da lei e os fariseus e aproximava-o dos pobres e marginalizados.
Acontece que como ensina o teólogo alemão Karl Rahner a teologia nasce das profundezas da pré-compreensão do que o homem entende de si e do mundo para estabelecer o entendimento sobre a linguagem e a mensagem divina. E o Messias por excelência é aquele que desvenda os pressupostos do Reino de Deus a partir de uma linguagem eminentemente humana ao recorrer à didática da linguagem metafórica por meio das parábolas.
As parábolas são um recurso lingüístico habitual na literatura dos povos do Médio Oriente, era muito comum falarem por meio de imagens, comparações e alegorias, para transmitir o significado que a mensagem revelava. Neste caso, este recurso metafórico (linguagem comparativa) oferece vantagens significativas. Em primeiro lugar, porque é um excelente meio para suscitar a controvérsia, instrumentalizando o diálogo e o contexto na época, em segundo lugar, também oferece imagens que ajudam a reforçar o poder da comunicação, prendendo a atenção do interlocutor com a narrativa e reflexão, e por último, na linguagem parabólica encontra-se um método pedagógico semelhante à maiêutica socrática (ironia e questionamento) para que as pessoas possam se interrogar e por meio da linguagem estabeleçam um olhar critico sobre sua realidade a partir de suas próprias conclusões. Diante deste recurso, Jesus tangencia a mensagem do Reino de Deus para nos brindar com uma mensagem que toca e adentra no coração das pessoas. O trecho do Evangelho de Marcos no capítulo 5, versículos 26-29, apresenta-nos uma catequese rica em simbolismo, trata-se de uma nova realidade inaugurada pelo Filho de Deus que veio anunciar e propor o projeto de salvação.  
Jesus nos apresenta o grão que germina e cresce por si só. A parábola refere-se à atuação do agricultor no ato de semear e de ceifar. Ademais a ação de Deus não contempla os demais processos até chegar à semeadura, não precisa de alarde, quase imperceptivelmente o milagre acontece, no arar a terra, regar a semente, tirar as ervas que a impedem de crescer. Ao narrador interessa apenas que, entre a sementeira e a colheita, a semente vá crescendo e amadurecendo, sem que o homem intervenha para impedir ou acelerar o processo. A questão essencial não é o que o agricultor faz, mas o dinamismo vital da semente, fruto da graça divina. O resultado final não depende dos esforços e da habilidade humana, mas sim do dinamismo da semente que foi lançada na terra.
Jesus ensina que o Reino de Deus (a semente) é uma iniciativa divina: é Deus quem atua no silêncio da noite, na agitação do dia ou nas contradições da história para que o Reino aconteça; e nenhuma turbulência poderá inibir seu projeto. Neste caso, a parábola é dirigida contra a ação humana que promove o anti-Reino, seja dos zelotas que pretendiam implantar um Reino por meio da violência, dos fariseus que impunham a obediência pela norma irrestrita, ou ainda daqueles que buscavam apocalipticamente adivinhar quando seria a chegada do Reino. Seguramente a única certeza que nos é devida é saber que a marcha da história é orquestrada única e exclusivamente por Deus, que fará com que o Reino aconteça, de acordo com o seu tempo e o seu desígnio.
Desta forma, a parábola convida-nos ao empenho para que realizemos na vida um projeto divino a partir da adesão incondicional aos sinais do Reino, lançar a semente também representa a projeção de Deus em nossas vidas a partir daquilo que o filósofo Luc Ferry ensina como sendo aprender a viver. Viver substancialmente a partir da dimensão do amor e da fé Nele e com Ele.
A semente lançada em terra já pode dar frutos na medida em que aquilo que Deus projetou em minha vida pela semeadura eu possa colher como frutos bons, uma práxis traduzida pela poetisa Cora Carolina:

(CORALINA, Cora. Melhores poemas. 2 ed., São Paulo: Global, 2004).


Antes de mais, o Evangelho garante-nos que Deus tem em marcha um projeto destinado a oferecer aos homens a vida e a salvação.  Não nos compete exigir que os outros caminhem conforme nossas exigências, ou que pensem como nós, que tenham as mesmas experiências e exigências que consideramos mais lapidares. Há que respeitar a consciência e o ritmo de caminhada de cada homem ou mulher, assim como Deus exige de cada um conforme seus limites. 

terça-feira, 1 de maio de 2018

Lévinas e o parto humanizado



Após assistir o documentário “O Renascimento do parto” e participar de um debate na universidade, ganhei fôlego para produzir um artigo intitulado A RAZÃO NASCEU DO ÚTERO: DIREITO HUMANO PELO PARTO HUMANIZADO, já publicado em revista cientifica. Em homenagem às mulheres destinadas e humanizadas (que com saúde e as condições psicológicas e físicas permitem podem parir de forma humanizada - normal) um pequeno trecho para reflexão do artigo produzido.


A partir da tradição humanitária que se instaurou nas sociedades contemporâneas fruto da influência judaico-cristã, bem como da moral socrático-platônica, a ideia de humanização do corpo tem sido fervorosamente concebido como espaço do sagrado. O corpo expressa a vida, o cuidado com ele remete a transcendência com a natureza. A sociologia do corpo expressa sua compreensão deste espaço endógeno do gênero humano, particularmente com o mistério da fisis do feminino com o seguinte entendimento: [...] o corpo é o vetor semântico pelo qual a evidência da relação com o mundo é constituída: atividades perceptivas, mas também expressão dos sentimentos, cerimoniais dos ritos de interação, conjunto de gestos e mímicas, produção da aparência, jogos sutis da sedução, técnicas do corpo, exercícios físicos, relação com a dor, com o sofrimento, etc. Antes de qualquer coisa, a existência é corporal (BRETON, 2007, p.7).


O cuidado com o corporal, principalmente com a expressão do corpo da mulher começa no útero, ritualiza-se metaforicamente a expressão humana do gesto de gerar a vida a partir do parto. Trazer no ventre uma criança transcende o valor supremo da natureza humana, afinal com este ritual se exercita a perpetuação da vida. De que a vida é gerada, nasce e se transforma no corpo da mulher e se projeta no mundo.


O filósofo Emmanuel Lévinas (1906-1996), defensor da questão da alteridade, bem como da ética que se institui por trás da axiologia do termo em questão, não propõe uma epistemologia do transcendente, mas propõe uma redescoberta da filosofia cujo elemento central passa a ser a questão ética e não meramente ontológica, desse modo, destaca a importância real da relação do homem com o outro. Neste aspecto, Lévinas ressalta a importância do eu, que possui identidade como conteúdo, assim seu existir consiste em identificar-se neste mundo, conceituando sua trajetória a partir do seu existir. A filosofia da alteridade a partir do filósofo francolituano parte da subjetividade, neste aspecto analogamente é possível entender sua conceituação para essência da maternidade. A maternidade é uma metáfora para o feminino, uma expressão para relação do sujeito com o outro. Assim, a maternidade representa esta substituição, em que o Eu gera em sim um Outro (LÉVINAS, 2005).


A mulher que gera um filho no seu frente, constrói a aproximação mais intima entre seu Eu e a sua cria, uma relação natural ao mesmo tempo convencional do Eu em relação ao Outro. Meneses (2008) afirma a partir do pensamento de Lévinas que "a subjetividade maternal fala de uma proximidade que é independente do saber, da consciência, mas que nasce na vulnerabilidade e na substituição. A maternidade precede a própria consciência" (MENESES, 2008, p. 159). Ao constatar que na contemporaneidade as mulheres têm optado pelo procedimento cirúrgico, com parto cesariano, para dar à luz, se percebe que a sociedade tecnocrática e mercadológica tem influenciado decididamente as práticas médicas, ao ponto de nos hospitais privados a taxa de partos pela modalidade cesariana ser representado por mais de 80% dos procedimentos. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) o total de partos cesáreos em relação ao número total de partos é bastante significativo. Tem-se verificado um acentuado crescimento de intervenções cirúrgicas para o parto, discrepando com as orientações oficiais que afirmam por evidências científicas que apenas 15% dos partos necessitam de procedimentos cirúrgico, sendo aconselhável que os demais 85% que se constituem de gestações de baixo risco sejam realizadas pelo parto vaginal, popularmente denominado de "parto normal".


Nestes procedimentos cirúrgicos ocorre a violência obstétrica. De acordo a pesquisa intitulada "Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado" (2010, p. 173-174), produzido pela Fundação Perseu Abramo, constatou que em cada quatro mulheres uma sofre algum tipo de violência durante o parto. A indicação médica pela intervenção cirúrgica no parto repousa influencia dos avanços tecnológicos, mas acima de tudo pelo incremento mercadológico e pelo ritmo frenético dos profissionais da saúde para ocupar cada vez mais horários de plantões e atendimentos. Neste aspecto, propõe o discurso dos Direitos Humanos, sob uma perspectiva dos direitos de solidariedade, um conjunto de ações de valorização do parto normal, humanizado, inscreve-se entre as reflexões em favor do respeito e valorização da dignidade humana, quando se trata da questão de reprodução humana e direitos de sexualidade, o respeito e cuidado pelo corpo feminino.


A alteridade na maternidade corresponde numa abordagem levinasiana à construção da subjetividade, quanto a proteção do Outro pelo Eu (LÉVINAS, 2005), em que está em jogo também a questão do parto. Nenhuma direito humano pode incorre no erro de deixar de salvaguardar a liberdade de escolha da mulher, no exercício de sua liberdade, quando se trata de dar à luz a um filho. Assim como na antiguidade a razão nasce simbolicamente do útero (método socrático), na contemporaneidade o útero também expressa a linguagem da ética, ao expressar o desejo da vida humanizada, que ocorre a partir da humanização com o parto (natural).

terça-feira, 14 de novembro de 2017

La faim consomme des terres





Terra sem dono 
Povo no pano 
Gente de fome
Sistema consome 
Dono em luta
Atrás da disputa
Com forte, mordaz
Sem sorte, voraz
É o povo na terra
Que vive na serra
Na busca do chão
Pra fugir do sertão
Pois a fome consome 
Este povo sem nome (...)

Protege o filho diante da queda
A mãe fugindo da vida e da pedra
Ela sabe viver 
No viver e no sofrer
Na morte e na vida
Na vida partida
As cercas massacram
Os nobres arrasam 
Este povo de fome
Que a terra consome.


Marcelo Eufrásio (Fragmento do poema "La faim consomme des terres" ou "A fome consome a terra")

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Suite n° 1 e o desfecho de um semestre letivo






Dentre as seis suítes para violoncelo solo compostas por Johann Sebastian Bach entre o período de 1717-1723, Suite n° 1 - Preludio, é uma das mais encantadoras. Bach (1685-1750) compositor, cravista, regente, professor, violinista e violista, formou-se pelas bases do Sacro Império Romano-Germânico, atual Alemanha, praticou quase todos os gêneros musicais de sua época, exceto a ópera. Porém, sua obra prima e maior influência está nas formas populares do período Barroco. 

As suítes de Bach foram transcritas para numerosos instrumentos, entre eles, violino, viola, contrabaixo, piano, saxofone, clarinete, trompete, tuba entre outros, já na Suite n° 1, Prelúdio é um gênero musical introdutório de outra musicalidade maior, em grande medida uma ópera ou ballet. No contexto medieval, os músicos denominados de alaudistas tocavam como forma de aquecer, preparando a tonalidade, enquanto na escola bachiana, o Prelúdio é utilizado também como introdução de uma fuga ou tocata. 

Para encerrar uma semana de trabalho, após a mesura nas correções de projetos, tcc e provas, nada mais apropriado do que atentar aos encantos do Prelúdio, com toda sua leveza e floreio, que agraciam com um ritmo que resgata da memória as lembranças acadêmicas e estudantis dos tantos. Em escalas de sonhos, conteúdos, sorrisos e ebulição de expectativas marcados nos olhos atentos dos estudantes revelam-se algumas centenas de pequenos projetos desenhados nos semblantes entre salas, corredores e bibliotecas. 

Por vezes, estão eles, ora carregados por incertezas por vezes em perseverança, mais também sedimentados com a força, nutridos pela esperança ao moverem-se nestes últimos meses, como numa corrida pela incansável maratona da vida, projetando seus sonhos até conquistar mais um degrau em busca de uma vitória. 

E a prudência, a persistência e a força são os ritmos de um solo vespertino. Porque entre a Suite n° 1 de Bach e o desfecho de um semestre letivo, há bem mais harmonia do que imaginamos no tempo.

domingo, 16 de abril de 2017

A flor amarela




Cada vida que nasce é sinal indelével do amor e da criação divina, desde uma insípida bactéria que completa e harmoniza todo ecossistema até a natureza humana que se projeta para manifestar a expressão da equidade entre o sensível e o inteligível, que nasce, brota e dá sentidos à natureza.

A pequena semente que brotou no nosso jardim, e que minha pequena menina rega freqüentemente, desde que plantamos juntos faz alguns meses, ganhou um carinho especial neste Domingo (Pascal), a plantinha com suas pequenas folhas intensamente verdes recebeu do sol o brilho intenso para agraciar-nos com sua beleza, nos presenteando com sua flor intensamente amarela. Justamente para surpresa de quem adquire a semente sem saber a cor que serão as flores, o amarelo que significa luz, calor, otimismo e alegria, ao mesmo tempo, simboliza o sol, a prosperidade e a felicidade.

Nada mais esplendoroso como dádiva divina do que a vida, simbolizada no desabrochar do botão de uma flor.

A flor manifesta a graciosidade e beleza da vida que nasce e se transforma numa planta sem igual. Às vezes o sol a calcina, em outras a afaga. Nestes tempos raramente a chuva a castigava ou freqüentemente a menininha no oficio de jardineira faz o trabalho de regá-la na esperança pelo desabrochamento, cuidando, cativando e sublevando suas raízes na espera por sua espontânea beleza. Não raro à noite a envolve mansamente. Nunca a ouvi queixar-se por causa do calor ou do frio. Jamais cobra alguma coisa por sua majestática beleza. Nem o agradecimento. Ela se dá simplesmente. Gratuitamente. Não é menos majestosa quando o sol a acaricia de que quando o vento a açoita. Não cuida se a olha. Nem se incomoda se a galga. Ela é como Deus: tudo suporta; tudo sofre; tudo acolhe. Deus se comporta como ela. Por isso a plantinha com sua flor (amarela) é um sacramento de Deus: revela, recorda, aponta, reenvia.

O amor pelo outro e por aquilo que se faz gera fé na vida em plenitude. Feliz Páscoa!    

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Aria sulla quarta corda


Existem músicas que se eternizam pelo seu movimento, pelo teor simbólico e pelo encantamento melódico que possuem, penetram no mais intimo da alma, fazendo transcender nos tempos, simplesmente por sua profundidade tão íntima, transmitem vibrações que entoam notas aos sentimentos e a razão.

Porque simplesmente uma composição clássico é elixir para as agruras da vida!


"Aria sulla quarta corda" ou Ária da quarta corda é uma adaptação para violino e piano do segundo movimento da peça original que faz parte da Suíte nº 3 para orquestra, em Ré Maior, de Johann Sebastian Bach, BWV 1068, escrita para o Príncipe Leopoldo, entre 1717 e 1723. 

A peça "Aria Sulla corda" em especial, representa iconicamente uma melodia que guardo nas minhas lembranças desde a tenra idade. Memória dos domingos, quando o cheiro do café preparado por minha amada mãe se confundia com a radiofania dos "clássicos eternos" ou das fitas k7 com as peças de Bach e Mozart naquele clima de profundo engajamento em um momento de paz. 

Nesta semana de incisiva para oração, silêncio e contrição, as peças sacras de Bach nos levam a intima contemplação dos passos da via crucis e ao encontro do crucificado.


sábado, 31 de dezembro de 2016

It cannot wait, I'm yours







Nós humanos somos seres engraçados, precisamos brincar com a imaginação, dividir o tempo em estágios como se mil anos fosse nossa vida, nutrida por pensamentos em fagulhas de sonhos, como se cada período dividido em dias, meses e anos fossem degraus de uma escadaria que nos leva ao porvir, alimentando as esperanças e afugentando a desilusão.

E se as coisas não dão certas, lá vem mais um ano, como a metáfora de uma escadaria em que cada degrau é uma tentativa de sentir a felicidade.

Se certezas ou não, o importante em cada escalada de um degrau a ser vencido é apaziguar as inquietações diante do que a razão desconhece. Assim o é desde o prelúdio mitológico que abraçou com veemência o homo sapiens na primavera dos tempos. Desta constatação nascem algumas notas para bem acolher os dias que vem...

Se os tempos são líquidos, que cada instante não seja efusão do efêmero, procure viver na sua mais entusiasmada essência.

Se o prólogo da vida revelar instantes de incerteza, o desejo de bem viver austeramente seja o mapa que conduza os dias.

Se o novo ano lhe traga inquietações, tranquilize sua alma, encontre nas perguntas motivos de buscar intensamente as alegrias e a maturação em cada descoberta.

Tempo novo é assim, como um acorde para composição das melodias da vida, frutuoso como o anseio pela chegada da amada, palpitante como a contagem na espera de uma surpresa.

Não dá para esperar, que os dias sejam esperançosos, inspiradores e reveladores como o suspiro incólume de cada degrau que se almeja chegar.  

Feliz Ano Novo a todos (as)!

Com esperanças, Marcelo.  

sábado, 3 de dezembro de 2016

I have a dream



Fazem algumas luas que me encontro carregado de saudade,
as mãos e pés calejados me trazem uma icônica lembrança
do consolo dos braços amorosos em tardes cinzentas de outono.

Ao trazer na memória essa lembrança, reavivam alguns dos sonhos da minha infância, mesmo quando a dor calcina.
Mas, no coração repleto de fé e esperança, anseio pelo prelúdio de um pôr do sol celeste, restando-me um sopro de vida e as lições legadas por meus pais.

E, se a saudade demarca seu território em cada primavera,
os sonhos que tenho são a marca indelével de minhas lembranças, sabendo que a presença eterna de meus pais se fortalece nos braços de minha família.

In memoriam.






➱ A foto acima denominada "mãos da paz" foi produzida com imagem das mãos dos meus pais para confecção da capa do livro de minha autoria intitulado "História do Direito e da Violência: recortes de uma abordagens interdisciplinar" (2009)