Em tempos absolutamente “pós-modernos” em que têm
sido convencionada a prática dos relacionamentos relâmpago, de matrimônios “de
se der certo continua” nada mais devotivo e simbólico do que fazer memória a
São Valentim, padroeiro dos namorados e dos casais.
Antes de qualquer coisa, o legado do pater familiae romano, embora
juridicamente basilar, não pode sucumbir à dimensão sacramental do matrimônio. Ao
celebrar núpcias na doutrina cristã, particularmente católica, os ensinamentos
evangélicos afirmam que de Deus se recebe um sinal indelével, cuja graça a
nenhuma homem ou mulher cabe devolvê-lo ou negá-lo. Afinal, graça sacramental
não se apaga. Conforme reza o catecismo da Igreja: 1601. «O pacto
matrimonial, pelo qual o homem e a mulher constituem entre si a comunhão íntima
de toda a vida, ordenado por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à
procriação e educação da prole, entre os batizados foi elevado por Cristo
Senhor à dignidade de sacramento» (VATICANO, 2005, 93). Nestas circunstâncias
como negar uma bênção?
Na contramão do senso comum e do vilipêndio
matrimonial conta a tradição, que na véspera do dia 14 de fevereiro, dia de São
Valentim, os casais franceses depositam um “cadeado do amor” na Pont des Artes no rio Sena em Paris.
Assim, o cadeado que representa um determinado casal simboliza um
relacionamento que nunca termina, sacramentado com o ritual da chave do cadeado
arremessada no rio Sena. Se alegórico ou não, o fato é que a dimensão
sacramental do matrimônio simbolizado pela tradição da Pont des Artes passa também pelo legado do seu padroeiro.
A comemoração desta data (14 de fevereiro) remonta
a antiguidade clássica, no Império romano. Conta a história dos santos que um
bispo da Igreja Católica, São Valentim, foi proibido de realizar casamentos
pelo imperador romano Claudius II. Porém, o bispo desrespeitou a ordem imperial e
continuou realizando as celebrações matrimoniais, secretamente. Em decorrência
de seu ato de desobediência ao tirano imperador, São Valentim foi preso e condenado à morte.
Enquanto estava na prisão, recebeu vários bilhetes e cartões, de jovens
apaixonados, valorizando o amor, a paixão e o casamento. O bispo Valentim foi
decapitado em 14 de fevereiro do ano 270.
Em sua homenagem, esta data passou a ser
destinada aos casais de namorados e ao amor. A comemoração passou a ser
realizada, principalmente, na Europa e, posteriormente (século XVII), nos
Estados Unidos.
O mártir Valentim, se tornou santo porque morreu
pelo testemunho de seu sacerdócio. A Igreja o considera padroeiro dos namorados
por ter defendido com sua vida o sacramento do casamento.
São Valentim, padroeiro dos namorados e casais, a
partir de sua perseverança missionária quis defender o sacramento do matrimônio,
mesmo diante do obscurantismo mundano. Seu testemunho de vida é sinal de que
apesar das dificuldades que nascem cotidianamente, amor, fé, diálogo, cumplicidade e maturidade devem permear
os relacionamentos amorosos como sinais de Deus.