quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Política Pública no território da 'sulanca': os desafios da escolarização e qualificação diante da informalidade no trabalho



Fruto das pesquisas e produções acadêmicas do Grupo de Pesquisa "Trabalho, Políticas Públicas e Desenvolvimento" - TDEPP, liderado pelo Prof. Dr. Roberto Véras de Oliveira (Professor e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFPB), grupo este vinculado ao CNPq e ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais - PPGCS da Universidade Federal de Campina Grande - UFCG, o qual faço parte, venho divulgar a publicação de mais um dos estudos do grupo em Sociologia do Trabalho. O estudo a nível de doutorado situa a política de escolarização e qualificação profissional (Projovem) diante da problemática da reconfiguração do mundo do trabalho, particularmente em torno da informalidade no trabalho numa região marcada pelas formas precárias e informais de trabalho. Os trabalhos sobre o Pólo de Confecções do Agreste Pernambucano foram produzidos pelos pesquisadores vinculados ao TDEPP, a partir de um projeto casadinho entre a UFCG e UNICAMP sob a tutela dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Sociais das duas Universidades, com o objetivo de entender as realizações políticas, sociais, econômicas e culturais do mundo do trabalho em regiões como o Pólo de Confecções do Agreste de Pernambuco. 

Para maiores informações: https://sites.google.com/site/gptrabalhoufcg/

A arte (capa) acima ilustra o resultado deste estudo, publicado em livro com o título "Política Pública no território da 'sulanca': os desafios da escolarização e qualificação diante da informalidade no trabalho" (2014). Em breve estará à venda.

Sinopse: 

Desde a década de 1950, a região central do Agreste Pernambucano, no Nordeste do Brasil, se desenvolve a partir do setor de confecções. Esta região, produtiva e comercial, foi estabelecida em torno da produção da Sulanca, sendo sua trajetória marcada, até os dias atuais, pelo caráter informal e precário do trabalho. A região encontra-se potencialmente voltada a produção e comercialização de confecções, utilizando-se de mão de obra em grande medida jovem, com pouca escolaridade e qualificação, que se encontra na informalidade. As condições de trabalho presentes no Pólo de Confecções tem suscitado o debate em torno da inserção dos jovens no mercado de trabalho, sobretudo da atuação das políticas de qualificação como uma medida para equacionar os problemas advindos das conseqüências da precarização das relações de trabalho. No caso da pesquisa apresentada nesta obra se procurou estudar uma das mais importantes ações da História das Políticas Educacionais do Brasil, trata-se do Projovem. A obra possui um acalorado debate teórico sobre o tema na perspectiva da Sociologia do Trabalho, amparado por um apanhado histórico sobre as políticas de escolarização no Brasil do início do século XX até a era petista, além de um estudo sobre a reprodução do caráter informal do trabalho, em nível nacional e regional, afinal o trabalho informal não é tema novo no cenário brasileiro e mundial, uma vez que está inserido dentro das formas de acumulação flexível (HARVEY, 1992), que reproduz as formas precárias de inserção dos indivíduos no mundo do trabalho. Por se tratar de uma região atípica, pela forma como os indivíduos ajudaram a construí-la e a desenvolvê-la, a partir da confecção e comercialização da Sulanca, as políticas públicas de educação acabaram delineando contornos distintos.

sábado, 2 de agosto de 2014

Minha doce Peppa


O desenho que minha filhinha mais tem assistido, contemplando incansavelmente cada cena chama-se Peppa Pig. Uma série infantil de produção inglesa, que retrata o cotidiano de uma família de porquinhos. O desenho é bastante lúdico, singelo e educativo. Os episódios narram a família, a partir dos personagens, Papai Pig, a Mamãe Pig, a Vovó e o Vovô Pig, além dos filhos Peppa e George.

Com imagens simplórias, sem muitos efeitos ou produção, o desenho é uma aula de didática familiar, apresenta a Família da Peppa sempre muito unida, aberta ao diálogo,  sob a proteção e atenção dos pais, amorosamente assistentes dos filhos. As decisões e atividades programadas pela família, sempre tem participação de todos. Há solidariedade entre os membros da célula familiar, não há espaços para individualismos. Um modelo tão ameaçado pelo paradigma "pós-moderno" (sociedade de risco) que prega a volatilidade das relações, a liquidez nos sentimentos e nas vivencias entre os familiares.

Na contramão da História, influenciada pela cultura da humanização, aparece Peppa. Com ela e sua família, o paradigma da moral familiar (domestica) ressurge para nossas crianças repleta de encantamentos e lucidez, nas cenas contemplam-se as vivências das coisas simples da vida em família. Nada de consumo exacerbado  ou desapego dos laços afetivos e de desrespeito aos pais, pelo contrário, o testemunho dos genitores pela valorização da vivência autêntica da infância dos filhos é sacralizado. 

Exaltando a família como templo sacrossanto de Deus, o (Santo) Papa João Paulo II, afirmou "A família é a base da sociedade e o lugar onde pessoas aprendem pela primeira vez os valores que lhes guiam durante toda vida".

Para os pais que investem pesado na ideia de presentear materialmente tudo aos filhos em detrimento da presença diuturna, cujo pacote (protetivos dos pais) devem vir amor, diálogo, atenção e cumplicidade, vale a pena compartilhar com os filhos também deste momento de pertença, ao assistir um pouco da família Pig. Afinal, quando os pais não se fazem presentes na vida dos pequeninos, o mundo irá substituí-los em situações cada vez mais complexas e cruéis. 

Neste caso, remediavelmente Peppa aparece como ícone infantil da resistência contra as agruras dos tempos (pós) modernos.