quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Natal é tempo de milagre






Cada vida que nasce é sinal indelével do amor divino, se apresenta resignificando o que o mundo insensível e desumano tantas vezes já sentenciou pela banalidade, mas a vida também renasce, da morte em vida para um milagre na vida, mesmo naquela pequena criança que em meio a situação de fome, luta para pulsar o desejo mais intimo e necessário.
A pequena criança deseja nascer numa noite feliz, nasce tantas vezes quanto o seu choro se confundir com o grito dos pobres e (in)felizes que clamam pelo desejo de viver, porque assim deve ser a "noite feliz". Noite da "feliz chegada", quando todos nutrem diante das agruras da vida aquilo que seu coração deseja, o resgate da vida em plenitude. É assim como se no choro do Deus menino também estivesse o clamor de toda criança que deseja nascer para viver plenamente.
Passam anos, meses e dias na expectativa da surpresa de quem espera um naco de pão da solidariedade alheia e desinteressada, que ali naquele instante Jesus nasça, a luminosidade que não se apaga, luz e alegria, marcadamente reveladas no autêntico Natal. É a Luz verdadeira que invade as vidas, apontando para a fraterna comunhão.
Nada mais esplendoroso como dádiva divina do que a vida revelada no desabrochar do olhar fixo de uma criança que deseja viver em meio a um mundo tão hostil.
A angustia expressa materialmente pela fome, seguramente se converte em esperança, quando na feliz espera fagulha uma ponta de solidariedade e amor.

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Song for longing ...


"I have a dream, a song to sing, to help me cope with anything ..."

Dos olhares distantes às lembranças presentes, no arrebol está a nostalgia que fica das coisas que passam, mas também solidifica no coração um passado distante das cenas e das palavras cravadas que ficam.

Assim é o retrato da saudade de quem se ama que como um viajante se vai, mas como a estrada que leva com muita força ela também volta.

Saudade de quem se ama não é remorso, é lembrança que serve de alimento para quem no passado já se nutriu com abraços, beijos, gestos e as palavras mais doces desta vida, e como quem nunca se dá por satisfeito ainda não se preencheu do outro em sua eterna entrega.

Na confluência dos extremos esculpidos por Deus estão o nascimento e a morte, a profusão do que nos liberta e nos iguala em natureza humana e divina. 

E assim, em cada página escrita no livro da vida, as lembranças nos visitam para cortejar cada instante bom da vida como se aqueles, que amamos, estivessem sempre presentes. 

"... and my destination makes it worth the while".   



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"Aos que a certeza da morte entristece, a promessa de imortalidade consola. Ó Senhor, para os que creem em Vós, a vida não é tirada, mas transformada, e desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado nos céus um corpo imperecível" (prefácio dos fiéis defuntos I) 


(In memoriam João Eufrásio e Maria Eunice).

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Dream for mother



Fazem algumas luas que me encontro carregado de saudade,
as mãos e pés calejados me trazem uma icônica lembrança,
do consolo nos braços maternos das tardes cinzentas de outono.
Ao trazer na memória essa lembrança, 

reavivam alguns dos sonhos da minha infância, 
mesmo quando a dor calcina. 

Mas, no coração repleto de fé e esperança, 
anseio pelo prelúdio de um pôr do sol celeste, 
restando-me um sopro de vida e as lições legadas pela minha amada mãe.

E, se a saudade demarca seu território em cada primavera,
os sonhos que tenho são a marca indelével de minhas lembranças,
sabendo que a presença eterna de minha mãe, 

se fortalece nos braços de minha família.

I have a dream
A song to sing
To help me cope ...! 


Uma música para acompanhar a leitura do poema acima, interpretado por Richard Clayderman no piano com "I have a dream": http://www.youtube.com/watch?v=mVXWMmiTTE0