sábado, 4 de setembro de 2010

In memorian 11 setembro: controle descontrolado das emoções




















“As differences in power and rank diminished, the motive to keep up a social and psychic distance lost vigour, resulting in greater interest in the daily lives of 'ordinary' people. With increased mobility, and more frequent contact between different kinds of people, has come the pressure to look at oneself and others with greater detachment, to ask qusetions about manners that previous generations took for granted: why is this forbidden and that permitted or prescribed? These processes have been the driving forces behind the growing interest in the study of manners, mentalities and emotion management”.

(WOUTERS, Cas. Changing regimes of manners and emotions: from disciplining to informalizing. In.: LOYAL; QUILLEY (eds.). The sociology of Norbert Elias. Cambridge: Cambridge University Press. p. 196).

Para pensar acerca das “grandes tragédias” e acontecimentos recentes da História, particularmente o 11 de setembro de 2000, quero trazer o pensamento do cientista social Cas Wouters (1943), discípulo do sociólogo Norbert Elias (1897-1990) para pensar o terrorismo “globalizado” aplicando suas idéias sobre os conceitos de interdependência e (in) formalização, que prefiguram o nascimento de uma segunda natureza nos sujeitos contemporâneos, cuja situação foi iniciada no século XX com a informalização dos padrões de comportamento, etiqueta e emoções com aquilo que Wouters (2004) chama de “um controle descontrolado das emoções”. O século XX passou por mudanças empíricas no campo da emoção e dos costumes que se tornaram evidentes em demonstrar que a sociedade passa a ser submetida à informalização das estruturas de personalidade. Essa condição é possível em virtude das mudanças em relação ao convívio e sociabilidade entre as pessoas, principalmente quando a educação, por exemplo, tornou-se menos rígida, formal e hierarquizada, o que significou um dos principais fatores de disseminação de diferenças nas estruturas sociais. Essas mudanças favoreceram a diminuição da distância entre as diferenças no poder e na classificação social, o motivo para manter uma distância social e psíquica perdeu vigor, resultando em um maior interesse na vida cotidiana das pessoas normais. Com o aumento da mobilidade, e mais freqüentemente do contato entre diferentes tipos de pessoas foi possível chegar a constituir uma revisão sobre a maneira de olhar para si mesmo e para os outros sem um maior distanciamento, principalmente porque agora é possível pensar sobre o que é proibido e o que permitido, tornando os processos sociais possíveis de serem estudados a partir dos costumes, mentalidades e da emoção. A imagem icônica dos aviões mergulhando nas “torres gêmeas” é uma representação global e multidimensional de que foram encurtadas as distâncias e as fronteiras, essa informalização dos processos nos ajuda a entender que a globalização aproximou muitas coisas via capitalismo sem fronteiras, inclusive elementos que até então eram apenas ficção cientifica dos filmes, infelizmente o terrorismo acaba sendo um incremento destes elementos negativos, a própria dinâmica do sistema instiga há que o medo do “inimigo sem rosto” bata a nossa porta, como se as cenas cinematográficas também nos dimensionassem para dentro dos aviões ou das torres.

Bem vindos ao paradigma do “controle descontrolado das emoções”!


Marcelo Eµfrasıø

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