sábado, 21 de agosto de 2010

Uma pequena metamorfose da filosofia grega




Sabemos que a filosofia grega legou importantes vultos do pensamento e da cultura Ocidentais, particularmente quando os lampejos advindos da tradição socrático-platônica ensinaram os homens da antiguidade clássica a preocuparem-se com a condição humana (que tanto influenciou Hannah Arendt na segunda metade do século XX), e que inspiraram o campo do conhecimento filosófico e mais tarde o conhecimento cientifico a exercitarem a racionalidade.

Em tempos de muitas inquietações filosóficas e de um forte predomínio da tradição filosófica (masculina), trazemos das cenas dos escritos de Plutarco um pouco de quem foi Aspásia, uma linda e sedutora “filósofa?” que na cena acima retratada no renascimento, aparece encantando Alcebíades, que arrancado dos braços da moça por Sócrates, este parece demonstrar uma cena de ciúmes diante dos encantamentos da jovem. Encontramos alguns relatos que lembram que Aspásia figurava como cortesã na sociedade ateniense, ou seja, uma prostituta requintada e cheio de gracejos. A palavra prostituta em grego significa “hetaira” que também pode significar hetera (diferente), daí a origem da palavra heteros + sexual, por exemplo.

Nos relatos históricos da antiguidade, as hetairas estavam na casta dos metecos (estrangeiros), tinham também a oportunidade de dedicar-se a Academia (do grego Akademus, que se tornou por volta do séc. III a.C. o lugar por excelência para que Platão e os demais pensadores pudessem discutir questões referentes à filosofia no lugar chamado jardim de Akademus) como formar de educá-las para “vida fácil” como prostitutas livres. Por tamanhos encantamentos e beleza, os testemunhos e registros históricos contam que Péricles, governador de Atenas no séc. V a.C., aquele mesmo que institucionalizou a democracia, teria se divorciado para casar-se com ela devido a sua refinada inspiração cultural e encantamentos sexuais. Ao que parece, Péricles venerava a companhia de pessoas inteligentes e visionarias da cultural universal, a exemplo do historiador Tucidides, seu intelectual de plantão, que constituiu uma verdadeira apologia ao governo “democrático” do séc. V na sua História da Guerra do Peloponeso.

Até na filosofia aparentemente patriarcal (“machista”?) encontramos sólidas figuras imagéticas ou reais que nos ensinam o valor das mulheres, mesmo que para isso a lição filosófica venha de uma prostituta.

Marcelo Eµfrasıø

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